unida pelo espírito e não pelo sangue.”
Luiz Gasparetto
Se olharmos no dicionário, família é um conjunto de descendentes e afins de uma linhagem, grupo de pessoas que vivem ou não em comum. Portanto, seus amigos, aquelas pessoas que importam na sua vida, fazem parte de você mesmo sendo notável a diferença ou a convivência, devem ser colocadas no seu dicionário, mesmo sendo ligados aos laços de sangue, ou não. Mas às vezes, os laços de sangue prevalecem.
*****

O outono seguia seu caminho natural, as folhas secas continuavam caindo e deixando a paisagem um pouco mais bela. Assim como nossas vidas corridas onde enfrentamos mil obstáculos por dia; mas que ao final do dia, depois de um longo percurso, nos compensava apenas sentar envolta a lareira ao redor de laços tão profundos quanto uma família podia possuir, onde havia uma conversa aconchegante, gargalhadas descontraídas e o silêncio que declarava o amor que cada membro daquela “família” possuía uns pelos outros.
THOMAS
Calor, alegria, frio, tristeza, cada sentimento sendo devorado dentro de mim por aquele sonho perturbador. Uma criança chorando nos braços de um homem, aquela cena me apertava o coração, sentia calafrios e suava ao mesmo tempo, quando acordei com o barulho do telefone, do meu Pager e do despertador, tudo ao mesmo tempo. Eu estava enrolado debaixo do edredom suando frio. Pulei da cama e atendi ao telefone.
- Diana? É você. – Diana era minha irmã mais nova, não a via desde quando ela se mudou com seu filho Cody pro Canadá, ela estava atrás do pai de Cody, mas agora parece que lembrou quem é sua família. Não pelos motivos que pensei.
*****
- Bom dia, Andy! Vou ter que correr hoje e quero você comigo no hospital – Consultei o relógio – daqui à uma hora, pode ser?
- O-K! O que houve hoje que está nessa correria? Algo importante?
- Diana está aqui.
- Quem é Diana? – perguntou Karen saindo da cozinha com uma jarra de suco de laranja, provavelmente terminando de ajudar Andy a por a mesa do café.
- A Diana está aqui? – Jake gritou saindo do banheiro com a boca cheia de espuma do creme dental.
- Diana é a irmã do Thomas, Karen – respondeu Andy com cautela – Tudo bem, Thomas; Diana está aqui e creio que pelo tom da sua voz não é pelo motivo que eu penso, certo?
- Certo Andy. Mas acho melhor não falar isso agora. Estarei te esperando no hospital, tudo bem?
Sai de casa com um alvoroço atrás de respostas a perguntas que não estava com cabeça pra responder naquele momento. Desci as escadas com um pouco de pressa, com a cabeça um turbilhão pensei em reclamar com o sindico mais tarde o concerto do elevador. Nos últimos degraus, arrumando alguns papéis na minha pasta, trombo em uma garota e meus papeis vão todos pro ar.
- Será que todo mundo tromba em mim nessas escadas?
- Ok, me desculpa. Helen é você?
- Thomas! Desculpa falar assim, é que ontem à noite trombei com a Mariana nas escadas também.
- Ah, então você já conheceu a Mari? – rimos da situação. - Mas ah, da próxima vez tento olhar por onde ando beleza?
- Não serio, não foi nada. Eu também ando atrasada, tenho que ir ao Plaza visitar minha mãe.
- Sua mãe, que bacana.
- Acredite, nem tanto! – Ela riu.
- Certo, então... Até mais. – continuei caminhando à portaria.
- Até, manda lembranças ao Andy por mim.
- É mais provável você vê-lo antes de mim então, mande as minhas. – Respondi ao longe brincando com Helen.
O transito aquela manhã estava um caos, cheguei à estação um pouco atrasado e mais preocupado do que ansioso de ver Diana novamente. Ela era minha única irmã, sentia sua falta e a do meu sobrinho que mal convivi, mas se o que me disse ao telefone era verdade, toda situação seria delicada demais, estava com medo das conseqüências, como se algo em meu intimo me dissesse que havia alguma coisa ruim, ou que podia ficar ruim, e nessas horas que gosto de estar com Andy ao meu lado.

No saguão da estação vi que o trem também estava atrasado, o que me deixou um pouco mais incomodado, a ponto de perguntar a um cara do serviço de passagens o momento que o trem chegaria à estação. Finalmente, depois de uma longa espera, Diana aparece no portão de desembarque com um garotinho de aproximadamente cinco anos com um cabelo de tigela e duas malas enormes logo atrás deles, aparentemente Diana estava bem, o que me deixou um pouco menos preocupado e me permitiu matar as saudades da minha irmãzinha.
- Diana, eu... Pensei... Oh meu Deus, que saudades – Caí nos braços dela apertando-os bem forte até dar conta da situação – Ai Diana me desculpe, eu não...
- Thomas, é bom te ver também. E não precisa me tratar como se estivesse convalescida ou doente demais para um abraço.
- Tudo bem. E esse homenzinho aqui, como está grande, cara!
- Oi tio Tom, mamãe disse que nós vamos conhecer o hospital do senhor? – Cody disse com a cara mais inocente do mundo. Olhei para Diana, sorri e respondi ao garoto.
- É isso ai garotão, vamos conhecer o hospital do tio – peguei Cody nas costas e fomos para o carro.
Saímos da estação em direção ao hospital, no caminho aproveitei pra matar a saudades de Diana e conhecer mais sobre meu pequeno sobrinho. O trânsito continuava horrível, então demorei o dobro do tempo que levei para chegar à estação. Chegando ao hospital e encontrando com Andy aproveitei para levar Cody ao restaurante e deixá-lo com ele, pois tinha que conversar sério com Diana.
*****
“Paciência e perseverança têm o efeito mágico de fazer
as dificuldades desaparecerem
e os obstáculos sumirem.”
John Quincy Adams

MARIANA
Não é o telefone! Não é o telefone! Não é o telefone! – Repeti pra mim mesma ao ouvir aquele toque insistente. Parecia que eu tinha acabado de me deitar.
- Mari, é o telefone, atende. Por favor!
- Alô!
- Dra. Bottino? – Era voz de homem, tentei me concentrar ainda com sono.
- Doutora é o Mark, estamos em uma emergência, verifique seu Pager. – Olhei para meu “bip” e vi uns dez chamados de emergência com uma paciente grávida.
- Ok, Mark, estou indo encontrá-los, me atualize da situação.
- Estamos no hotel Plaza, ocorreu um acidente que provocou uma pane elétrica em todo quarteirão, a sua paciente Anabelle está presa em um dos elevadores do hotel em trabalho de parto.
- Oh meu Deus! Tudo bem, Mark, chego ai em alguns minutos.
Só podia ser brincadeira, era sábado de manhã, planejava ter um pouco de folga já que minha namorada veio só para passar o fim de semana comigo.
- Criança mais intrometida essa! – Pensei em voz alta enquanto corria pelo quarto.
- Quem é intrometida? – Perguntou Angélica.
- Uma das minhas grávidas entrou em trabalho de parto. E está presa no elevador do Plaza.
- Plaza? O Hotel Plaza? – Disse ela chocada.
- Bem vinda ao meu trabalho! – Tentei fazer uma piada – É sério amor, eu tenho que ir até lá.
- Ah, que chato. – Ela reclamou com uma voz chorosa – Queria tanto ficar com você hoje.
- Eu também, meu bem. Mas tenho que ir. Tchau! – Corri até a cama e lhe dei um beijo na testa.
Passei apressada pela sala e lá estavam todos os meus amigos espalhados com pratos à mão.
- Oi gente – Cumprimentei todos olhando em volta, mas não para eles e sim procurando algo.
- Está a fim de almoçar? – Perguntou Karen – Jake e eu cozinhamos.
- Não, eu tenho que sair. Tem uma paciente grávida presa no elevador do Plaza e adivinhem só quem é a médica sortuda?
- Grávida?
- No Plaza?
- Elevador? - Todos ficaram abismados.
- Está em cima da geladeira. – Respondeu Andy ainda de boca aberta, adivinhando o que eu procurava.
- Como sabia que eu estava procurando o capacete...?
- E não reclama que nós sabemos que você ama o que faz. – interveio Jake.
Apenas sorri para eles, corri para a cozinha e bati a porta dos fundos em seguida.
Realmente, era a pura verdade, pois amava o que fazia. A coisa mais emocionante do mundo, ouvir o primeiro chorinho, o primeiro suspiro da vida de um bebê que você ajudou a vir ao mundo. Só não saia dizendo isso por ai, meus amigos são boa gente, mas tinha que manter minha reputação de durona. Mas todos eles, bem, na verdade todos nós, temos esse jeito de saber das coisas uns dos outros sem precisar dizer nada, era meio como nosso jeito família de ser.
O elevador ainda não estava concertado, “alguém tinha que reclamar com o sindico”, assim segui pelas escadas até o estacionamento e saí a toda velocidade no transito caótico de Nova York. Não tinha idéia de que horas eram, mas parecia que os milhões de habitantes e turistas da cidade haviam saído de casa nesta hora e concentrado todos no West Side. E tudo o que eu pedia era cama, estava exausta, mas sou uma cirurgia preste a entrar em serviço, então tinha que me agüentar ao máximo.
*****

Anabelle é uma das minhas pacientes e tenho a tarefa de seguir sua gestação e ensinar aos meus internos do St. Patrick Hospital, ela vem apresentando um quadro que nos fez acompanhá-la com mais cuidados. Até o ocorrido. É sua primeira gravidez e o bebê pelo visto se impacientou, pois ela só completaria oito meses de gestação dali a duas semanas. Anabelle e o marido, Peter, estão reformando a casa para a chegada da criança e como a gravidez apresentava riscos ela preferiu se hospedar em um hotel próximo, já que não aguentava o “clima” de um hospital.
Mal entrei pela porta do hotel e Peter veio correndo em minha direção.
- Doutora, você têm que tirar ela daquele elevador.
- Fica calmo, Peter – Procurei minha equipe naquela montoeira de gente.
Era impossível ficar calmo com toda aquela bagunça em volta dele. Hóspedes curiosos, bombeiros por todo lado, além dos funcionários do hotel que tentavam acalmar todos.
- Ei, Bottino, aqui! – ouvi alguém me chamar.
Nem precisava olhar para saber a quem pertencia a voz. Andei na direção de uma morena escandalosa de linda, minha atendente chefe Stephanie, que vivia jogando piadinhas pra mim. Várias vezes eu me peguei em pensamentos indecentes com ela, mas tinha meu trabalho e meu profissionalismo
- Bom dia, pessoal! Qual é a situação? – Me dirigi a ela e aos dois internos que se encontravam ali.
- Boa tarde, Dra! – Eles Responderam rindo e eu dei um gole no café que um deles segurava.
- Bem, nossa paciente e outra moça ficaram presas no elevador, entre o quarto e terceiro andar. A Sra. Werner perdeu um pouco de sangue e suas contrações estão em um intervalo de 3 minutos. – Relatou Victoria, uma interna muito inteligente de lindos, longos e encaracolados cabelos pretos. Por isso os outros internos a chamavam de Yang, pela semelhança com a Cristina de Grey’s Anatomy.
- Onde vocês estão se comunicando com eles?
- Pelas câmeras da sala da segurança, conseguimos falar com ELAS pelo telefone do elevador. – Respondeu Mark, um dos mais brilhantes internos que já tive, ele realmente tinha potencial.
- Obrigada, Mark. Muito bem, removê-la de lá no estado que ela se encontra está fora de cogitação – enfatizei – E quero-a deitada o tempo todo.
- É o que também achamos – Surgiu uma voz masculina atrás de mim, um homem alto de farda, Chandler, li o nome em seu uniforme. – Meu pessoal está fazendo o máximo para abrir as portas do elevador com segurança. O gerador do hotel estava em manutenção quando ocorreu a pane que foi ocasionada devido a um acidente aqui perto com alguns veículos que acabaram batendo em um poste.
- A coisa está bem feia lá, Mariana. – Stephanie concluiu as palavras de Chandler – E eu vou ter que ir pra lá, já fui “bipada” algumas vezes, só estava esperando você chegar para cuidar da Anabelle.
- Obrigada, Stephanie. Você vai precisar dos...?
- Não – Ela respondeu antes que eu terminasse – Seus internos aprenderão mais aqui, já temos uma equipe no local e tem uma ambulância para a sua disponibilidade do lado de fora.
- Tudo bem, Obrigada de novo.
- Boa Sorte.
- Você também.
*****
THOMAS

- O que você quer fazer? – Comecei a gritar com Diana.
- O que você acha que eu devo fazer Thomas? Eu já fiz todos os exames possíveis, nenhum médico se quer cogitou a possibilidade de operação. Eu já me conformei, por isso trouxe o Cody, pra você ficar com a guarda dele.
- Não! Nenhum médico cogitou a possibilidade de operação por que nenhum médico tinha uma irmã, nenhum deles “cogitou” a possibilidade de perdê-la, pra sempre.
- Todos esses anos e você não se preocupou com a gente.
- Por que você sempre disse que estava bem, eu sempre soube que não, mas tinha a certeza de que você me procuraria quando cedesse ao orgulho e parasse de procurar aquele homem. Só não esperava que me procurasse nessas condições – Diana caiu em meus ombros em pratos.
- Tom, eu estou com medo.
- Calma Diana, eu só não quero te perder, não assim, não se podemos lutar até o fim. Por favor, faça novos exames, por mim, pelo seu filho.
Diana concordou com novos exames, mas pelas tomografias que ela me mostrou eu sabia que o problema era maior que esperávamos, entretanto eu precisava crer, precisava lutar por aquela pessoa que era parte da minha vida, que era minha família. Assim, apresentei Diana ao time de Neurologia do St. Patrick, com certeza por ela ser minha irmã não me deixariam operá-la, mas com sorte poderia auxiliar nas decisões.
- Diana, esse é o Dr. Clark, ele trabalha como atendente junto comigo no hospital e essa a Dr. Melinda, eles vão te acompanhar para os exames.
- Tom, você não vêm?
- Eu tenho que falar com o Andy, encontro vocês depois pra ver os resultados.
- Tudo bem Sra. Cohen, por aqui, vamos cuidar muito bem da irmã do Dr. Thomas – Disse Melinda.
- Pode ir Diana, tudo vai ficar bem. – Abracei minha irmã segurando para ela não perceber o choro.
Enquanto ela virava o corredor entrei no elevador, que por sorte estava vazio, e cai em lágrimas, não suportava aquilo, eu não era o forte da família, Diana sempre me ajudava nas horas que precisava, acho que me acostumei demais em ter uma irmã mais velha que nunca parei pra pensar que também tinha que ser forte como eu estava sendo, por enquanto.
Desci até o restaurante procurando por Andy, ele estava no hall de entrada do lado de fora do restaurante, Cody estava brincando com algumas crianças que estavam com seus familiares aguardando noticias dos pacientes. Quando vi meu sobrinho brincando alegre com outras crianças, tão distante dos fatos que estavam acontecendo, comecei a chorar novamente. Andy percebeu minha presença e quando viu meu estado veio até mim e me apertou bem forte em um abraço.
- Tom, me conta o que está acontecendo, eu não posso ficar aqui nulo sem saber por que você está sofrendo. – Andy disse acariciando meus cabelos.
- Cody não pode me ver assim, eu tenho que me recompor.
- Tudo bem, vamos deixar ele na pediatria por alguns minutos até você me contar tudo, ele pode ficar brincando com as crianças lá, tudo bem?
- Ok, Andy, eu... Eu não sei o que faria da minha vida sem você.
- Tom, eu te amo e estou aqui pra enfrentar tudo por você e com você.
- Obrigado, Andy. – Ele me deu um beijo, quando percebemos que estávamos no hall de entrada e no lugar do meu trabalho e paramos, ele pegou Cody e levou à pediatria enquanto o esperava no consultório da neurologia.
*****
- Tumor? – perguntou Andy tentando entender.
- E bem complexo, já está em um estágio bem avançado e em um local muito difícil de operar.
- Mas é operável não é? – Andy olhou fundo nos meus olhos que tentava desviar – Tom não é?!
- Não é tão simples, Andy. Diana consultou muitos médicos, mas era orgulhosa demais pra vir até mim enquanto o tumor estava menor. Ela se conformou com todos os médicos dizendo que era inoperável, que não quis mais tentar.
- Meu Deus! Então ela só veio aqui para deixar o Cody com você, estou certo? – Andy estava abismado, porém sabia manter o controle melhor do que eu.
- Foi isso que ela me disse, mas ela resolveu fazer novos exames, eu estou aguardando para ver os resultados.
- Está certo. Vou ficar com Cody então, levá-lo pra casa, tudo bem?
- Andy, você me faz esse favor? As malas dele e da Diana estão no carro. Só vou levá-lo para se despedir da mãe.
- Tudo bem, Tom – Andy me abraçou novamente, um abraço aconchegante como se dissesse que ele estava ali pra tudo que eu precisasse.
- Andy! – Ele já estava saindo da sala, quando fechei a porta e em um impulso o beijei com toda intensidade possível, como se estivesse passando para ele todo o amor que sentia por aquele cara lindo que estava sempre ao meu lado, enquanto ele retribuía meu ato de amor, me abraçava e acariciava minha nuca.
- Tom, não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar, eu sempre vou estar ao seu lado, eu sempre vou cuidar de você. – e completando com mais um beijo ardente, Andy saiu da sala me deixando com uma aura de amor e esperança, pois agora eu sabia que mesmo se eu cair sempre terei o nosso amor para me apoiar e poder levantar novamente.
*****
Ainda meio desnorteado cheguei à pediatria, peguei Cody e o levei para o quarto da mãe. Enquanto brincava com as crianças Cody simplesmente parecia um garoto normal, que não tinha nenhuma noção dos acontecimentos. Entretanto, essa aparência mudou assim que o peguei no colo a caminho do quarto, agora ele estava calado, com a cara triste e não sabia o que fazer com meu sobrinho. Aquilo me deixou mais triste e aturdido. Chegamos ao quarto e Diana estava deitada na cama já com a roupa do hospital.

- Mãe! – Cody correu dos meus braços e foi abraçar Diana.
- Oi meu querido, tudo bem? Você se divertiu? – Perguntou Diana tentando disfarçar um animo.
- Sim, o tio Andy me levou na sala com crianças e eu brinquei com elas. – Cody respondeu com a voz mais inocente do mundo.
- Que lindo, meu amor.
- Mas, Mãe?
- O que foi Cody?
- Você e o tio Tom não estão felizes, já está na hora de você ir embora morar no céu? – As palavras de Cody atingiram Thomas em seu peito, que ele não agüentou segurar as lágrimas. Diana também não conseguia segurar enquanto Cody apenas os observava.
- Mãe. Eu disse algo que não devia?
- Não, meu querido, você não disse nada, a mamãe e o tio Tom que são uns bobões. – Diana secou as lágrimas do seu rosto e continuou – Cody se lembra da conversa que a mamãe teve com você?
- Do bichinho mal que está na sua cabeça?
- Isso, do bichinho mal. – Disse Diana numa voz doce - Escuta Cody, os médicos amigos do tio vão tentar tirar o bichinho mal da cabeça da mamãe, mas...
- Diana, não...! – tentei intervir para Diana não pensar no pior ou ainda contar ao Cody sobre isso.
- Tom, ele é meu filho, tem que saber.
- Mãe, eu sei o que acontece. Eu não quero ficar sem você, mas se você não estiver, o tio Tom vai precisa de mim.
- Eu sei meu amor. – Diana era forte e tentava ao máximo segurar as lágrimas que escorriam aos poucos enquanto ela falava – Eu só quero dizer que se a mamãe não voltar pra casa você não precisa ficar triste, por que tem um monte de gente que te ama e que vai cuidar de você até você crescer, viver bastante pra encontrar com a mamãe de novo, tudo bem?
- Mãe, não precisa ficar triste, eu vou ficar bem e você tem que ficar bem também. – Diana apertou Cody bastante e lhe deu um beijo no rosto – Agora vai, o tio Andy esta te esperando pra te levar pra casa.
- OK. Te amo, mãe – Cody também abraçou Diana, lhe deu um beijo no rosto e fez um sinal de cruz na testa de dela, que mexeu com meus sentidos que ainda observava tudo do outro lado da cama.
Assim que Cody saiu da sala eu abracei Diana e nós dois caímos no choro, todas aquelas palavras, aqueles simbolismos mexeram com a gente de tal forma que ficamos um bom tempo abraçados, até depois que o choro parou. Eu deitei ao lado de Diana e começamos do nada a conversar e relembrar situações da nossa vida e riamos como se nada, nem o tempo, os problemas, nem o mundo lá fora tivesse a mínima importância.
*****
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